sexta-feira, 17 de abril de 2009

A verdadeira face da guerra pela democracia

Os Estados Unidos empreendem uma constante guerra de perseguição a ‘inimigos da liberdade’. É padrão encontrarmos notícias sobre uma invasão, uma nova guerra, a luta contra o eixo do mal. Uma campanha dispendiosa ao redor do mundo colocando-se como defensor de valores como democracia, liberdade e justiça.

A principal questão que surge na cabeça de quem pensa é: Por que diabos estão os Estados Unidos, essa potência mundial, investindo em uma guerra contra esses países comparativamente tão fracos?

A defesa dos ideais de liberdade e democracia podem até convencer os idealistas e lunáticos, mas é preciso estar fora desse planeta para acreditar e abanar a cabeça apenas. Não é possível. Há outros interesses, sim, por trás dessa guerra contra o terror, dessa guerra contra o eixo do mal, dessa guerra constante seja onde for.

A retórica é sempre a mesma: “Estamos invadindo esse país para instalarmos um regime democrático que representará com maior fidelidade os anseios do povo”.

É aí que surgem outras perguntas: por que os Estados Unidos investem tanto na instalação de tais repúblicas democráticas ao redor do mundo? Seria a república democrática o melhor sistema, indiferente da história política, para todos os Estados do globo?

O que se encontra em jogo é muito mais que a defesa de tais valores, claro, muito importantes. O interesse fundamental dessas estratégias é puramente econômico. Trata-se de uma guerra que tem por objetivos fixar pontos de apoio a sua economia global em diferentes áreas estratégicas do planeta.

E qual seria o papel das repúblicas democráticas dentro desse contexto?

Esse sistema político, que com tanto custo é instalado, carrega em sua configuração uma gama de características que justificam todo o gasto, as mortes, o declínio da imagem mundial... Trata-se do modelo econômico que está embutido nesse pacote de democracia. Pois democracia para os Estados Unidos também compreende o livre comércio, a livre concorrência, a abertura de mercado ao capital internacional... Tais repúblicas democráticas apresentam como característica fundamental uma economia de mercado aberta, defensora do livre comércio, da entrada de capital estrangeiro, da livre circulação de capital ao redor do globo. Características que a história demonstra não serem favoráveis à consolidação de uma economia nacional forte. Que traçam uma dependência que acaba por se arraigar às bases econômicas dos países que dessa forma procedem. A defesa do mercado interno é fundamental para o crescimento de setores econômicos importantes. E isso todos os atuais países fortes e defensores do livre comercio mundial fizeram em algum período de sua história.

Configura-se então um sistema político-econômico: as repúblicas democráticas capitalistas, abertas ao mercado e à livre concorrência internacionais. Dessa forma, o fato de defender que as repúblicas democráticas como o sistema político que mais efetivamente revela a vontade popular é apenas um pretexto (muito bom, diga-se de passagem) para escurecer o fato de que no âmago de tal sistema político está inscrito também o modelo econômico que o acampanhará.

O domínio econômico estadunidense é uma estratégia que começa com a guerra, passa pela instalação e defesa de um sistema político que em si abarca também uma compreensão de como funcionará a estrutura econômica e termina com a efetivação do plano, ou seja, a instalação, em áreas econômicas de interesse estratégico, de empresas globais que, no entanto, de globais só tem o nome, pois suas sedes estão todas nos Estados Unidos. O interesse vital dos Estados Unidos nessa estratégia é garantir pontos de apoio para suas empresas globais.

É muito desanimador perceber também que há a cooptação de grupos da elite desses países que se rendem às ofertas de lucros extraordinários. O pretexto é que o próprio povo não tem condições de desenvolver sua economia, assim os Estados Unidos se infiltram nas economias do mundo criando novas colônias completamente dependentes economicamente do seu centro vital.

Estando ativamente envolvidos na reestruturação daqueles países que se encontravam ‘fora do eixo’, os Estados Unidos passam a investir na instalação de suas empresas, em remeter lucros cada vez mais vultosos e a controlar cada vez mais setores estratégicos dessas economias nacionais. Os Estados Unidos trabalham como uma imensa empresa que destrói, reconstrói e explora recursos ao redor do mundo. Claro que esse país não se interessa por quaisquer Estados. O Iraque , por exemplo, abarca parcela considerável do petróleo do planeta em seu subsolo, e, por isso, acaba instigando a cobiça norte-americana. Hoje, nesse país, estão várias empresas americanas – da construção civil ao setor petroleiro – todas investindo na ‘construção do país’. São empresas que estão ‘trabalhando pela reconstrução e desenvolvimento do país em bases democráticas’. No fundo o que interessa é a detenção da hegemonia econômica em setores estratégicos da economia mundial, como, no caso do Iraque, o petróleo.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Uma crítica ao sistema capitalista

O contínuo funcionamento do sistema capitalista acaba por transformar o mundo em capital. Tudo pode ser transformado em capital. Tudo corre para ser transformado em capital. Os recursos do nosso planeta, por exemplo. Outro exemplo (esse mais abstrato, porém não menos valioso): as imagens que circulam ao redor do mundo. Elas também são capital. Ora, tem um preço, são comercializadas, tem direitos autorais, ou de transmissão, ou de exibição, há grupos internacionais que vendem-nas e compram-nas. As próprias palavras estão nesse contexto. Na prática, tudo, tudo mesmo.

O próprio ser humano se transformou em um objeto. Seu valor é estipulado pelo que consome, usa, veste, fala, assiste. O principal problema desse sistema de quantificação e articulação de valores é que ele nos leva a um caminho auto-destruidor. Seu objetivo se concentra em tranformar em capital tudo o que há. Esse processo só terá fim quando o mundo inteiro já tiver sido transformado em capital, adquirido valor de troca e assim sendo passível de uso e consumo.

Os alertas esse vemos hoje partirem de grupos de 'ecochatos' passam muito longe da questão fundamental. A defesa da sustentabilidade é questão não apenas de preservação do planeta. No fundo, a questão da sustentabilidade é questão de reformulação geral de um sistema que tem como efeito colateral a seu objetivo fundamental a exterminação do planeta. O Consumo total.

Deve ser defendida uma ampla reestruturação que permita ao nosso planeta a sua recomposição.

Já existe tecnologia suficiente para que seja proibida a destruição de nosso planeta.

Deve ser defendida uma reestruturação com base em valores que não apenas estimulem a competição, o consumo, a idolatria, o egocentrismo.

Já existem condições suficientes de produção de alimentos, de mercadorias, para que seja proibida a fome, a miséria, a subnutrição, o analfabetismo.

O objetivo fundamental do ser humano deve ser garantir direitos básicos, já a muito estipulados como direitos humanos, a todos.

A nova luta gira em torno disso.